Circulações tácticas e jogadas padronizadas para finalização, com ou sem oposição, são, do nosso ponto de vista, perdas de tempo.
Como é que consigo treinar um princípio de jogo, quando ele é morto por aquilo que lhe dá vida?
Um princípio, é isso mesmo! O início de um comportamento! E não é nada mais que isso! Isso acarreta um peso que pouca gente percebe: Não se pode controlar o desenrolar e o final do princípio, porque ele estará dependente das condicionantes daquele momento.
Então, por que é que continuámos a padronizar jogadas em treino, cujo desenrolar em jogo vai ser completamente diferente, porque vai depender de algo incontrolável: Adversário?
Esse tipo de exercício, apesar de se dizer ser uma base para ajudar os jogadores quando não têm outra solução, é na verdade limitador da decisão (porque a tendência será para os jogadores se especializarem naquele padrão) e sobretudo da criatividade.
Quando vejo em equipas de responsabilidade na formação, ou até em equipas profissionais, dizer-se "bola no central, daí sai para o médio defensivo, esse devolve no central, que joga no lateral do lado contrário", percebo o porquê de faltar, hoje, criatividade no futebol português! Não se deixa os jogadores aprenderem resolvendo os problemas por si, não se deixa que a criatividade seja uma necessidade emergente no jogo e no treino, não se deixa espaço para jogadores verdadeiramente especiais!
Especializa-se o jogador num determinado tipo de movimentos, por sector, por posição, por princípios de jogo das respectivas equipas. Esquecendo-se que no futuro não serão esses os problemas que eles vão encontrar. E como ninguém lhes ensinou a resolver problemas...
O professor Júlio Garganta ajuda a explicar, de seguida.
O jogo é um acontecimento que decorre na convergência de várias polaridades: a polaridade global entre duas equipas; a polaridade entre ataque e defesa; a polaridade entre cooperação e tensão (Elias & Dunning, 1992; Dunning, 1994).
Num jogo de Futebol, não é possível saber, a partir de um estado inicial, qual o estado final duma acção ou sequência, o que quer dizer que estamos em presença de situações de final aberto.
Ténues diferenças nas condições iniciais poderão, em certas circunstâncias, levar a mudanças maiores no comportamento do sistema, ou seja, um microfacto pode ter macroconsequências ao nível do decurso do jogo e do seu resultado.
Nos sistemas de alta complexidade que operam em contextos aleatórios, como aqueles que coexistem num jogo de Futebol, a separação artificial dos factores que concorrem para o rendimento desportivo parece revelar-se inoperante.
O que parece nefando não é o facto de se restringir o âmbito dos estudos ou das análises efectuadas, mas a tentativa de reduzir o fenómeno jogo a uma qualquer dimensão, conjecturada à revelia dos princípios directores da actividade ou fenómeno que procuramos conhecer.
De facto, entendemos que grande parte dos modelos de investigação científica vigentes se afiguram pouco compatíveis com a especificidade do Futebol, razão pela qual muitos dos estudos se esgotam nos próprios dados que veiculam, não proporcionando um aporte de informação estruturante para o treino e para a competição.
Excerto retirado de Futebol e ciência, ciência e futebol, Professor Júlio Garganta.
25 comentários:
Penso que ainda ah muito para descobrir!!! o Mourinho faz treinos actuais com este tipo de dinâmica, e é o MELHOR DO MUNDO!!! ninguem ousa dizer que ele esta mal, pois ele ganha e ganha em qualquer parte do Mundo!!! e ele não está mal... muita gente por mais que estude sob metodologias de treino, sistemas táctico, construções de modelos de jogo, etc,etc... nunca vai entender toda a complexiade... tudo está rede! ... ele olha para o treino como ninguem ou muito poucos conseguem olhar... antes do jogador está o HOMEM, e é daí que a planificação do seu treino emerge!!! Penso que devemos entender primeiro qual é realmente o objectivo para o qual aquele exercicio foi idealizado e só depois de sabermos qual é o principal objectivo que o treinador quer daquilo, é que podemos dar um opinião sobre a rentabilidade do mesmo!!
A Fenomeno da complexidade Humana é tão grande e tão complexa que imaginem só... o modo como o treinador COMUNICA (explica, exemplifica e se envolve) para onde vai o passe, quem faz o deslocamente e quem recebe pode despertar um estado de espirito qualquer onde vai ter consequênias directas no próximo exercico (com oposição), quando o treino acaba, e até quando estão no balneário a tomar banho!!!
Talvez...
Concordo com o teu pensamento mas permite-me discordar ao mesmo tempo. Uma vez falei com um treinador que agora está na 1ª Liga e perguntei-lhe porque motivo padronizava tanto o treino e sobretudo a finalização colocava-lhe restrições, do género: Bola fora da área é cruzamento ao 1º poste. Bola dentro é ao 2º poste. Eu dizia-lhe que não devia limitar porque se um jogador meter a bola na zona oposta ao que ele pretende e der golo ele vai dizer que foi um grande lance e festeja o golo da mesma forma. Mas ele deu-me uma resposta que não mais esqueço: "Isso é bonito no Barcelona. Mas eu treino jogadores que a nível de tomada de decisão estão abaixo da média, o índice de confiança é pouco, e o pensamento por vezes só os atrapalha. Se eu lhes der opções e limita-las eles vão decidir melhor porque não têm de pensar, logo o resultado final só pode ser melhor também." Como em tudo, não há o certo e o errado, há o que oferece resultados, seja feito de uma forma ou de outra.
Abraço
30, isso foi tão mau que tenho que tentar... Foi o José Mota não foi? Não. Espera, espera, foi o Ulisses Morais! Então só pode ter sido um... Prof. Neca é o teu o homem!
Ok, desisto! Há demasiados patetas para eu acertar.
Concordo contigo quando dizes que não há receitas, que não há uma forma certa e as outras estão todas erradas. Mas é preciso não exagerar, esse treinador de que falas é horrível. E não é o resultado que diz se as coisas foram bem feitas ou não, já estamos fartos de o dizer aqui no blogue. O Baggio também já disse isto, fomos campeões com o pior treinador que tivemos em todos os anos em que jogámos futebol, e se alguém disser que ele fez alguma coisa bem eu fico com a clara impressão de que estou a falar sobre futebol com uma menina de 6 anos .
Anónimo,
"Penso que ainda ah muito para descobrir!!! o Mourinho faz treinos actuais com este tipo de dinâmica, e é o MELHOR DO MUNDO!!! ninguem ousa dizer que ele esta mal, pois ele ganha e ganha em qualquer parte do Mundo!!! e ele não está mal..."
Concordo com o facto de ainda haver muito por descobrir, como é óbvio.
Discordo que Mourinho seja o melhor do mundo, neste momento.
Eu digo que ele faz muitas coisas mal! Perdão, não é estar mal, é dizer, não concordo, nunca faria isso na minha vida, porque não faz qualquer tipo de sentido para mim.
Sim, o principal objectivo dele é ganhar, de qualquer forma. O meu é ganhar, jogando bem!
Se ele não está mal? Não sei, se o está neste momento, já o esteve no passado recente, por inúmeras vezes.
"muita gente por mais que estude sob metodologias de treino, sistemas táctico, construções de modelos de jogo, etc,etc... nunca vai entender toda a complexiade... tudo está rede! ... ele olha para o treino como ninguem ou muito poucos conseguem olhar... antes do jogador está o HOMEM, e é daí que a planificação do seu treino emerge!!! "
E então, onde fica no meio disso tudo, aquilo que é a complexidade do jogo? Se homem deve ser pensado no treino em toda sua complexidade, porque não o jogo em toda sua especificidade? E isso pressupõe não lhe retirar aquilo que o torna o que é: Relações de cooperação e oposição...
"Penso que devemos entender primeiro qual é realmente o objectivo para o qual aquele exercicio foi idealizado e só depois de sabermos qual é o principal objectivo que o treinador quer daquilo, é que podemos dar um opinião sobre a rentabilidade do mesmo!!"
O que é rentabilidade? Onde se vê a rentabilidade? Qual é o teu critério para avaliar a rentabilidade?
É que eu tenho um, e é fácil, que se chama, o jogador aprendeu algo com isto!
"A Fenomeno da complexidade Humana é tão grande e tão complexa que imaginem só"
E o fenómeno da complexidade do jogo?
30,
Permite-me dizer que percebo e entendo a comparação e a justificação, mas é lamentável.
É exactamente esse tipo de pensamento que castra a criatividade, que não a estimula, que transforma jogadores em robts, que faz com que eles façam sempre a mesma coisa, optem de forma constante pela mesma solução.
Vamos por partes
"Isso é bonito no Barcelona. Mas eu treino jogadores que a nível de tomada de decisão estão abaixo da média"
Isso para mim, no meu entendimento, significa: O Carlos Eduardo, o Ruben Amorim, o Lica, o Josué, o Lima, O Nuno Valente, o Derlei, o Paulo Ferreira, o Tiago, etc , etc, esses jogadores que vêm de equipas inferiores, quando estão nessas equipas tens de condicionar a decisão, porque os índices são baixos, quando vão para outras equipas já se podem tornar livres de decidir porque estão numa equipa grande. Aliás, dessa mesma forma, não posso dar a mesma liberdade de decisão ao Thiago e ao Xavi, porque o Xavi decide melhor, então o Xavi pode fazer o que quiser, com bola, o Thiago não!
E isso para mim é simplesmente, estúpido, porque trava e limita o desenvolvimento do jogador, por muito mau que ele seja!
"o índice de confiança é pouco"
Não me parece que num plantel de 1º liga, ou qualquer plantel, o índice de confiança dos jogadores seja tão baixo, que eles não consigam fazer uma coisa que lhes é constantemente pedido em jogo: resolver problemas, pensando. Ao menos claro, que não seja isso a que eles estejam habituados no treino.
Mais digo, os índices de confiança do treinador nos jogadores, e nas acções que eles executam é que é pouco, isso sim é o que me parece.
Exemplificando: Há este miúdo, que ainda é junior, que o Ronaldinho e eu conseguimos meter numa dessas equipas que está na superliga. E se calhar até estamos a falar do mesmo treinador. Esse miúdo, fez um jogo amigável pelos seniores, e nós conhecendo o perfil do miúdo, as melhores qualidades dele perguntamos, então como correu o jogo? E ele, correu muito bem. E nós, deixa-me adivinhar, driblaste fácil? E ele, ele não me deixa driblar, diz que é arriscado, disse-me para não sair a jogar nem arriscar.
Ora vejamos, o miúdo é defesa central, tem uma confiança inabalável em tudo que faz, tem uma personalidade como eu costumo dizer (tal e qual CR7), mentalmente muito, muito forte! Então será mesmo pelo perfil de decisão que ele não o deixa? Será mesmo pela falta de confiança? É que as melhores qualidades desse miúdo, saltam a vista como saltam as do Hummels: Quando ele tem a bola nos pés!
Mas há um pre-conceito dos treinadores relativamente a certas posições e certas acções, quando se treinam equipas que não são de topo. E isso é o que leva a que apenas os jogadores dos grandes sejam equacionados para a selecção nacional, porque é aí que eles aparecem no seu esplendor, por terem liberdade de decisão!
"e o pensamento por vezes só os atrapalha"
O pensamento nunca, nunca atrapalha. Um gajo que diz uma coisa destas, que por vezes o pensar atrapalha, para mim, está condenado ao fracasso.
"Se eu lhes der opções e limita-las eles vão decidir melhor porque não têm de pensar"
Não, não vão decidir melhor! Vão é fazer 500 vezes a mesma coisa e em algumas dessas vão acertar, mas na grande maioria vão falhar a decisão. O que vai acontecer é que vão ter nessas 500 acções reforço positivo (feedback do treinador) e isso é muito importante para os jogadores porque é esse feedback que os guia, na busca por um lugar no 11 inicial.
"logo o resultado final só pode ser melhor também"
Não, não será!
Ou melhor, poderá ser num determinado momento, mas na maior parte do tempo não o será.
É isso que faz com que eu tenha avaliações diferentes dos treinadores, das equipas, e dos resultados. Porque eu sou capaz de dizer, que por ele fazer aquilo, e a equipa marcar um golo, não significa que o resultado final foi melhor.
Vejamos porquê: O que é que ele aprendeu com aquilo? Aprendeu que quando está fora da área a bola é para o segundo poste e quando está dentro é para o primeiro? Que raio de aprendizagem mais errada é essa? Vai servir para o quê, exactamente? Em quê que isso vai ajudar o jogador e a equipa para resolver problemas futuros? Em nada!
Como é que eu ajudo um jogador com baixo índice de acerto na decisão, no caso do cruzamento? Dou-lhe muitas opções para ele escolher!
Guio dizendo, okay, queres cruzar, tens de primeiro olhar antes de o fazer, vão haver colegas a entrar ao primeiro poste, na zona de penalty e ao segundo poste, tu deves colocar a bola onde achares que o teu colega terá mais hipótese de finalizar, estejas onde estiveres! Olhar sempre para ver para onde vais passar a bola, e se passando para lá estás a aproximar ou afastar a equipa do objectivo. O que o mister da 1º liga que tu citaste diz, é: Daqui metes sempre ao segundo poste!!! Porquê? E se não estiver lá ninguém? Isso é simplesmente, reitero castrador e em nada ajuda o jogador!
"Como em tudo, não há o certo e o errado, há o que oferece resultados"
A diferença aqui está na forma como eu avalio o resultado! E o resultado para mim, não é o golo que o define (na maior parte do tempo) nem é a vitória ou a derrota que o define (na maior parte do tempo)!
o josé mota devia ter-se ficado pela carreira de manequim de bonés! eu percebo pouco disto, mas ainda assim o suficiente para ficar abismado, no último jogo, quando o vi a esbracejar a exigir um cruzamento para o segundo poste, para aí a vinte metros da área, quando há um contra-ataque de 4x5 com gente no meio com espaço (69 minutos de jogo, se alguém conseguir rever)... conclusão: o jogador obedeceu, até porque estava dois passos à frente do treinador - facílimo para o helton. eu, sendo portista, agradeço, mas que realmente é alarvidade, é...
O treinador de que falo é daqueles que mais qualidade tem na 1ª Liga e está a fazer uma carreira claramente em crescendo. Talvez na próxima semana aqui vejamos elogios, mas veremos.
Abraço
Estás a falar do Pedro Martins obviamente xD
Cumprimentos,
António Teixeira
30,
Acredito que tenha mais qualidade que muitos na liga. Mas quem diz que pensar atrapalha...
De qualquer forma, o que nós interpretamos aqui é a valia das equipas. Vamos lá ver.
Abraço
Epá se foi o Pedro Martins está, a partir deste momento, oficialmente riscado do meu mapa. Sorry.
Estou do lado do Edson!
Quanto à capacidade de decisão, é o que, para mim, hoje em dia mais diferencia a qualidade dos jogadores, seja ofensiva ou defensivamente. A questão é que em Portugal isso não é visto como algo positivo. Nem como um acessório interessante.
Por coincidencia, o exemplo que me vem à cabeça é do José Mota aquando da passagem pelo Belenenses. Como é possível que JM nunca colocasse o André Martins em campo, quando é só dos jogadores portugueses com maior capacidade de decisão e dos que mais criatividade dá a uma equipa?? Até o imagino a comentar com o seu mister algo tipo "mas mister, tinhamos superioridade numérica no primeiro poste e por isso não cruzei para o segundo onde estavamos em 1x2." e a ir para a bancada por desrespeito ao treinador..
Ami
Gonçalo, em Portugal, como em muitos outros, a capacidade de decisão não é vista como algo positivo ou interessante porque para isso é preciso perceber verdadeiramente o jogo, como podem saber se um jogador decide bem ou mal se nem conseguem perceber o contexto da decisão?
é o Rui Vitória! O pior futebol de toda a primeira liga... miserável....zero à esquerda!
Também não podemos olhar só para os tópicos tácticos, porque há mais variáveis. E um dos que o 30 parafraseou (a confiança de um jogador), pode levar à criação e implementação dessas acções padronizadas. E há outra coisa: partimos todos de que todos os jogadores possuem uma capacidade de decisão boa, ou que podemos evoluir a capacidade de decisão dos que a tem em graus menores. Mas será isso verdade?
Cumprimentos,
António Teixeira
Não! Partimos todos do pressuposto que dar mais opções é melhor que limitar.
Caro Baggio,
Isso não é linear e não é uma verdade necessária. Porque podem existir jogadores que nunca vão cruzar ao segundo poste, mesmo sendo essa a melhor opção. Então é melhor que, sendo essa a melhor opção, se obrigue esses jogadores a fazê-lo.
Pensemos em percentagem: cada decisão tem uma uma variação de 0-100%, que consiste, como vocês me ensinaram, em aproximar a equipa do golo certo? Agora, numa amostra de 10 jogos (que, como dizes, é suficiente para extrair conclusões razoavelmente sólidas), temos um momento de transição ofensiva em que o posicionamento e dinâmica da nossa equipa é sempre igual. O nosso extremo direito é mau tecnicamente, e em cada bola que recebe nesse momento, perde 40%, e as 40% que não perde, levam a más decisões (remates de longe, passes para zonas de pressão, etc etc etc); os outros 20%, são boas decisões que aproximam a equipa do golo. Por outro lado, o extremo do lado oposto acerta nas suas acções cerca de 60% das vezes. Ora, quando recuperamos a bola, esta vai entrar sempre no nosso interior, que é aqui o objecto do qual falamos. Este, porque não se dá com o extremo esquerdo, NUNCA lhe vai passar a bola, conduzindo ou passando-a ao extremo direito (exemplo com poucos jogadores por motivações do argumento, evidentemente). Quando conduz, tem uma percentagem de acerto na acção, de 30%, ao que somando os 20% do extremo direito, lhe dá uma decisão que aproxima a equipa do golo 50% das vezes. Por outro lado, se soltar no extremo esquerdo, têm uma possibilidade de acerto de 60%, não é?
Ora, é aqui que surge a questão: limitar a decisão desse jogador, porque se passar sempre ao extremo esquerdo, vai tomar uma percentagem de 60% de sucesso ou, de modo distinto, aumentar-lhe a possibilidade de decidir, e dar-lhe a escolher entre uma opção que lhe dá sempre 60% e outra que lhe oferece 50%.
O problema surge, visto que se lhe aumentas as possibilidades e não mecanizas a acção, ele vai tomar uma decisão sempre pior para a equipa, porque o somatório das duas percentagens não alcança no número de acções a percentagem do extremo que decide bem (a não ser que essa escolha recaia sempre no extremo que decida bem, a percentagem de acerto vai ser sempre inferior, como é óbvio).
Claro que é um exemplo muito simples, mas penso que demonstra que há situações em que se deve limitar, pelas diversas variáveis, a decisão do jogador. Não vais ser lembrado por isso nos livros, nem sequer é o mais correcto a fazer, de um ponto de vista evolutivo, viz. a nível da própria evolução do jogo (o máximo que traz é o ajustamento do adversário, o teu reajustamento, etc etc etc, mas sempre dentro de um universo probabilístico razoavelmente limitado e definido), mas os treinadores tem objectivos que, muitas vezes, não são por eles estabelecidos, e não nos devemos esquecer que são empregados.
Já se me falares a nível de formação, nesse caso concordo sempre contigo Baggio. Mas a nível de séniores e no futebol profissional, não posso concordar, apesar do meu desconhecimento do assunto, em comparação contigo e com a maioria. Mas, se me provares o contrário, mudarei de ideias, claro.
Cumprimentos,
António Teixeira
Não é preciso muito! Basta dizer-te, que como leste no artigo e na exposição do professor Garganta, todas as situações de jogo são diferentes! Todas!
Isso implica que por mais que te movimentes de forma igual e padronizada o sucesso da tua acção vai depender do adversário!
Ou seja, assim que o adversário em transição meter um homem a marcar o teu jogador ao segundo poste, já muda tudo! Já muda a tua percentagem de acerto, mecânica! E é isso que faz com que não faça sentido mecanizar. E depois há a situação do teu colega não acompanhar e tu continuares a meter lá a bola.
Como é que num jogo onde, como explica o professor, tu consegues ditar o início do comportamento, mas não sabes como ele se desenrola, pelo adversário, pelo espaço, pelos teus colegas, consegues mecanizar finais?
Isso não dá uma probabilidade muito pequena de acerto, der por onde der, ainda mais pequena que os com liberdade. Porquê? Repetindo, todas as situações de jogo são diferentes! Todas mesmo!
Por isso é que nunca vais ouvir Mourinho ou Guardiola falar em automatismos, são coisas que para eles não existem. Vais ouvi-los falar em tornar a equipa autónoma. Em os jogadores conhecerem se entre si, perceberem as melhores qualidades uns dos outros e tirarem partido disso. Vais ouvi-los dizer que é possível ditar que em transição ofensiva quer sair seguro, mas não vais ouvi-los dizer que seguro é jogar sempre para trás porque isso garante maior sucesso, porque se o jogador tiver que jogar para trás ele jogará, para os lados ele deverá também jogar, e para frente o pensamento é o mesmo. Ele dita o início do comportamento, que é o jogar seguro ao recuperar a bola, o jogador tem de decidir onde é seguro, porque isso é circunstancial, por todas as situações serem diferentes...
Se não perceberes isso, que no jogo não há acções que se repetem, logicamente que não perceberás o meu argumento. E isto é o que dá validade ao que digo.
Robeto Baggio é o maior cromo que já vi a comentar em blogs desta natureza.... és tao buro, tão burro só que disfarças com uma argumentação intelectual... tens que primeiro aprender a ler e ouvir e a pensar... e depois é que vais escrever... mas sempre com algum cuidado com aquilo que escreves, porque dá para rir!!!
Luís Freitas
"Robeto Baggio é o maior cromo que já vi a comentar em blogs desta natureza.... és tao buro, tão burro só que disfarças com uma argumentação intelectual... tens que primeiro aprender a ler e ouvir e a pensar... e depois é que vais escrever... mas sempre com algum cuidado com aquilo que escreves, porque dá para rir!!!"
Ainda bem que concordas ou discordas de alguma coisa aqui escrita e o mostras com argumentos.
Ao que parece quem primeiro deve pensar antes de escrever deverás ser tu, nomeadamente, pensar como argumentar por forma a dar validade as tuas premissas. Ah mas espera, nem sequer havia premissas, simplesmente conclusões. E quando assim o é!
PS: Ainda bem que arranjas tempo para cá vir, ainda bem que dá para rir. O que disseste, nem para isso serve.
Gosto de vocês...
Mas não queiram tentar mostrar mais sabedoria que os outros. O futebol é lindo para um simples adepto mas muito mais para nós que vivemos dele.
Quanto ao tema que já esta a ficar esquecido eu penso e tenho certeza que tanto o Mourinho como o Guardiola falam em automatismos mas certamente que muito menos do que a maioria dos treinadores de formação em Portugal.
Morgado
Morgado, eu tenho a certeza que não falam. Porque eles dizem que não falam. Porque eles dizem que não querem mecânicas. Querem tornar os jogadores autónomos. Eles dizem que mecanizar não faz sentido. O que não significa que não possam estar errados, como nós, na nossa opinião aqui. Ninguém está a tentar mostrar nada. Estamos a defender uma ideia, dentro da nossa forma de ver o treino e o jogo. Onde, para nós, há coisas certas e erradas. Coisas com sentido e outras sem sentido.
ok Baggio, mas eu tenho a certeza que principalmente o Mourinho tem trabalhado certos automatismos o que não quer dizer que esses mesmos automatismos sejam impostos....mas sim dados para um inicio de uma liberdade com limites...o objectivo é apartir desses mesmos automatismos o jogador ter liberdade de " inventar " ou criar mas sempre com limite.
Morgado
Que automatismos são esses? Queres especificar?
Ouvi falar em Rui Vitória.. e por acaso ouvi ele dizer "Tinhamos uma que entrava e dava sempre golo"(a proposito da saida do hernani) mas também disse: "vai para cima deles e rebenta-os todos"(sobre a confiança que ele dá aos jogadores jovens)... O anónimo é capaz de ter razão sobre Rui Vitória (ele deve ter umas jogadas do livrinho)...
Agora o que aqui se apregoa é o bom futebol e a tomada de decisão que vai permitir aos jogadores se adaptarem aos diversos contextos. Ou seja quanto mais rico for o treino em exercicios que possibilitem ao jogador decidir, e decidir em diversos contextos, maior será a sua aprendizagem e sucesso nas suas aações. Pelo contrário a dita jogada standart apenas permite decidir consoante o que o treinador quer e ao ser treinada sem oposição não tem transferencia alguma para o jogo.
Não quer isto dizer que muitos treinadores ditos de topo não o façam e já vi Guardiola e Mourinho a faze-lo.(talvez o façam quando veem que o treino está a ser gravado ;) ) Agora não é porque eles o fazem que todos os outros tem de o fazer.
Os melhores jogadores são aqueles que tem mais recursos pois podem decidir melhor. E o papel do treinador é dar aos jogadores mais opções e não limita-los em acção, tempo e espaço.
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